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Como o jornalismo se reinventou durante a pandemia

Máscaras e telefones celulares

Como o jornalismo se reinventou durante a pandemia

O papel do jornalismo na luta contra o coronavírus, em meios às adaptações que os profissionais da área enfrentaram  
Foto: Acervo Wix
Por: Mariana Tomaz

    A população carente foi a mais prejudicada, especialmente pobres e negros, moradores de periferia. Quem mora em local precário, sofre com a falta da higienização sanitária, precisa pegar transporte público, moradores de rua, todas essas situações difíceis foram acompanhadas pela equipe de reportagem de perto. Foram muitos óbitos por causa da negligência de quem descumpria o isolamento, em festas clandestinas, protestos, viagens. Tudo isso causou um colapso nos hospitais que ficaram sem vagas suficientes para suprir a demanda de novos pacientes e vítimas. Aqueles que perderam seus entes queridos para o coronavírus, sentiram a perda de quem nunca mais poderão ver. Percebe-se que quando quebram o isolamento social, foram os mesmos que contraíram Covid e passaram para seus familiares, causando a morte dos mais fragilizados como idosos, pacientes com doenças crônicas ou com algum tipo de doença. O alerta que o coronavírus trouxe fez com que a sociedade checasse as informações e que se cuidasse mais. Aqueles que não se cuidavam ou não tinham plano de saúde buscaram ajudar, porque para muitos pacientes, os médicos devem ser procurados apenas em casos graves.
    Os esforços que envolvem o processo das notícias mostraram jornalistas se sacrificando para garantir a segurança de todos. Depois, mostrando que está tudo voltando ao normal, aos poucos, mesmo com os números altos de mortes e contaminados. Muitos jornalistas foram contaminados, assim como médicos, o jornalista também ajuda na prevenção, ao mostrar tudo o que a ciência descobriu sobre a doença e sua prevenção. Houve muitas mortes desses profissionais porque eles estão na linha de frente correndo riscos, embora estivessem tomando os devidos cuidados. Por serem os principais responsáveis por evitar notícias tendenciosas e mentirosas, a cobertura jornalística foi além da doença, mostrando que muitos não tinham sequer água potável para lavar as mãos.  Quando se mostra a realidade, grupos que
promovem fake news em nome de interesses particulares tentam calar. Mas eles não se deixaram intimidar diante de governos e partidos políticos, sofreram pela coragem de mostrar um jornalismo transparente aos que querem saber a verdade.
    Devido aos ataques dos movimentos antivacina, que espalharam boatos nas redes 
sociais, os jornalistas sofreram muitas ameaças. Muitas vidas foram ceifadas por conta dessas mentiras de que as vacinas são perigosas, pois a ciência já provou há muito tempo que, quando a pessoa não se vacina, o risco de contaminação e de mortes é uma ameaça a toda a população.
   Os meios de comunicação, quando mostram histórias de vida, de pessoas comuns que conseguiram sobreviver ao coronavírus, trazem esperança de um jornalismo que surgiu para melhorar a sociedade. A postura que assumiram trouxe credibilidade, de não mascarar a realidade com falsas respostas, ensinando que a humanidade precisa de meios de comunicação que tragam transparência. 

Diante do distanciamento social e do home office, os profissionais da área de jornalismo vivem suas batalhas individuais 

   Os relatos dos jornalistas mostram que há um certo contraponto. A falta de acesso digital das pessoas que não possuem internet ainda é uma realidade na vida de muitos, por não terem condições financeiras. 
     O jornalismo televisivo e o rádio, permitem que a informação chegue a muita gente por serem mais acessíveis. já os jornais e as revistas impressas e digitais têm ganhado um novo significado, em que a produção de textos e imagens é mais sofisticada, o que faz com que tenham um diálogo conectado com os públicos de nichos de forma muito assertiva. Por isso, e para oferecer um jornalismo ainda melhor, muitas publicações aprofundaram suas narrativas com mais oferta de conteúdo no digital investindo em sites ou aplicativos e em podcast, nesse modelo tem ganhado um público de leitores maiores, por estarem em home office, que buscam mais por notícias, e leituras, sendo útil, o que faz de as pessoas passarem seu tempo com seus celulares, computadores, podendo estar informado sobre o coronavírus.
    Durante o período de distanciamento social, os indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre eles está o cuidado com os entrevistados, a limpeza dos equipamentos, o uso de máscaras e a vacinação. E em conversa com o jornalista Bruno Tálamo, do canal Rede TV, ele destacou que a jornada de trabalho não mudou. “Todos atuaram normalmente, somente as pessoas que fazem parte do grupo de risco que estão em home office. Além disso, algumas pessoas do grupo de risco que tomaram a primeira, segunda e terceira doses da vacina estão voltando aos poucos", relata. Muitas entrevistas estão sendo realizadas por chamada de vídeo e por scraper, diz.
    Para o profissional, o trabalho remoto tem suas vantagens, pois as pessoas conseguem administrar seu tempo melhor, economizando o tempo de deslocamento. Os chefes cobram em relação às atividades desenvolvidas, metas e objetivos a serem alcançados. Os produtores, editores de textos, de imagem e de arte continuaram indo para as redações, sem deixar de produzir notícias, exceto aqueles que fazem parte do grupo de risco, realizando suas tarefas em casa. O papel jornalístico é fundamental para informar, para alertar dos riscos, e segundo os jornalistas entrevistados, o governo não está ajudando muito. 
    Bruno Tálamo ressaltou a necessidade de termos jornalistas competentes, “diante de um governo que não passa nenhuma mensagem correta do uso de máscara, de respeito aos protocolos de segurança”. Os que se opõem à ciência e compactuam com fake news estão desrespeitando e prejudicando todo o grupo de cidadãos, por esse motivo estamos enfrentando duas epidemias: , a da desinformação e do Covid – 19.
   No mundo pós- pandemia, muita coisa  vai mudar em nossas vidas. Muitas empresas adequaram ao modelo de trabalho remoto antecipando mudanças que já estavam acontecendo, mas de forma mais lenta. Por outro lado, foi possível perceber a revalorização do jornalismo, por meio de uma cobertura mais confiante e respeitada. A pandemia, segundo Tálamo, mostrou que não importa classe social, religião, etnia, cor ou, orientação sexual, pois “todo mundo é igual e precisamos mais do que nunca buscar união para um futuro melhor, com respeito ao próximo, e empatia”. Uma crise como essa pode mudar valores, afinal muitos empregos estão se fechando, algumas atividades perdem espaço enquanto outros serviços ganham mercado.

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Reprodução: Foto Instagram Bruno Tálamo; Ano 2021/ Acervo pessoal 
A informação ajuda a salvar vidas

   Ao informar as maneiras de evitar a contaminação, com os relatos das pessoas que conseguiram se recuperar das crises e do coronavírus, o jornalismo ajudou a população a se cuidar. Por isso a cobertura jornalística trabalha com tecnologias, plataformas e eventos, usando as redes sociais, interagindo com seguidores, para fazer com que o conteúdo chegue até esse público. É tempo de criar, se reinventar, investir, averiguar e escolher o tipo de informação que será divulgado, sem gerar pânico, de forma leve, medindo o que será dito, mas sem esconder os fatos.
   A produção de conteúdo esteve voltada para a pandemia, o grande desafio foi, e ainda é, cobrir todas as áreas afetadas, de saúde à economia. Muitos seguidores das principais emissoras, jornais e revistas enviaram imagens e denúncias, que ajudaram a produzir importantes matérias, com o reconhecimento de que o jornalismo é uma atividade essencial.
   Em tempos de pandemia, é importante informar sobre os serviços comunitários na periferia e mostrar o impacto da violência doméstica durante o isolamento social. Segundo os profissionais, ainda há muito a ser dito, promovendo apuração de qualidade. É preciso dar voz a jornalistas que moram nesses lugares, que sejam capazes de falar de uma forma que todos entendam, decifrando termos como “lockdown ou “home office". 

 A imprensa na cobertura da pandemia 

    A única intenção de quem cobre a pandemia é beneficiar a sociedade, ouvindo as fontes, como especialistas, cientistas e médicos, para trazer conhecimento sobre esse tema. É importante se adequar à nova situação profissional e aprender , pois o jornalista está passando por um momento delicado, e mesmo assim consegue passar a notícia sem deixar transparecer seus problemas A iniciativa do jornalismo tem sido no sentido de criar uma perspectiva de futuro melhor, em relação a tudo o que está acontecendo. O olhar humano sobre as famílias das vítimas da Covid foi muito discutido. Essa pauta foi necessária e aproximou o público ao mostrar os problemas que todos passavam, sem deixar de lado a clareza do informar.
    Todo esse cenário fez com que a imprensa  de cobertura pressionasse as autoridades públicas a adotar melhores estratégias de combate à propagação da doença. Combater todas as mentiras que são repassadas com checagem antes de comunicar, ouvindo antes de falar, desenvolvendo todo o processo corretamente. Apesar dessa necessidade do trabalho da imprensa, muitas foram as demissões, com redução de jornada de trabalho e salário, fim de edições impressas em alguns dias da semana e outros problemas.
    A experiência da cobertura durante esse momento está gerando resultados positivos também, por mostrar a realidade que muitos enfrentam em uma sociedade desigual. 
    Na Rede Bahia, por conta de um ataque cibernético que interferiu no jornal impresso Correio 24 horas, a repórter Marcela Vilar Mota Santos, conta que: “os editores, produtores,  e a equipe de fotografia conseguiu acessar o acervo do jornal e os programas de casa. 'Eles conseguiram o acesso remoto do Correio, que é o mesmo da Rede Bahia , e conseguiram montar o jornal, o espelho da página e fazer a diagramação, enfim conseguiram fazer tudo normalmente. Só que depois do ataque hacker, fez- se necessário que os editores fossem à redação presencialmente, alguns revezando os dias", conta a repórter. 
    A cobertura se concentrou muito em alertar as pessoas sobre o que abre,  lojas, restaurantes e outros serviços , cuja manutenção é importante  para a economia do país, aumentando o número de empregados. A  jornalista Marcela Vilar contou também sobre os ataques por parte do governo e de “não entramos em questão política no Correio, pois a linha editorial não permite tanto, mas a gente sempre pede a opinião do prefeito e do governador sobre as falas do presidente Bolsonaro, com uma pluralidade de opiniões". Sobre os movimentos anti ciência e de fontes sem credibilidade, a repórter diz que sempre procurou mostrar a importância da vacina, das duas doses, de manter as medidas de restrições e o distanciamento, colocando a voz de especialistas, infectologistas, imunologias, epidemiologistas e o maior arsenal de fontes possíveis com credibilidade. 

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Reprodução por: Acervo pessoal Marcela Villar 

    Ela ressaltou, ainda, a importância de termos profissionais de comunicação especializados na área de saúde, o que facilita e ajuda na hora de buscar as bases de dados, fontes, associações e órgãos de saúde. "Quanto mais tivermos esses jornalistas na área da saúde, será mais rápido a produção das matérias. O profissional especializado traz credibilidade por entender e ter mais propriedade para falar. Podemos ver, também, a união de vários veículos para buscar a consolidação dos dados. Creio que surgirão mais iniciativas como essa, além de mais força no meio digital”, opinou.

Muitas pessoas aderiram ao trabalho remoto 

   O período da pandemia mostrou que as pessoas conseguem  desenvolver várias atividades de forma remota, sem estar necessariamente em uma empresa, em um espaço físico, Muitos profissionais começaram a produzir conteúdo próprio em canais do Youtube ou em blogs. 
   O jornalista, repórter e apresentador da Jovem Pan Guilherme Silva dá o seu depoimento. "Antes da pandemia, o futebol, o estádio de futebol, eram lugares em que você conseguia ter muitas fontes, conversava e colhia informação.  Com a pandemia, não pudemos ir ao estádio. Você acaba migrando para a internet e redes sociais como WhatsApp, Instagram e o Twitter. Nesse aspecto, acho que o trabalho com as fontes tem sido realizado mais virtualmente. Alguns casos você consegue conversar pessoalmente mas é raro."
    A área de produção nas emissoras está tomando o máximo, possível de cuidados, evitando a aglomeração. Espaços como os estúdio, que são lugares menores, envitam muitas pessoas. Sempre nesses ambientes se utilizam as máscaras, álcool gel.
   A importância de trazer os fatos e acontecimentos, mantendo o público informado, foi o objetivo. O que chamou atenção foi a importância da imprensa no momento para entender tudo o que estava acontecendo. "Vivemos da adaptação, às equipes de reportagem tomam os cuidados com a higienização dos equipamentos, as mãos, os microfones cada um tem o seu nas transmissões. São cuidados que parecem pequenos, mas são bastante importantes”, diz Guilherme Silva. 

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Reprodução: Foto Instagram Guilherme Silva; Ano 2021/ Acervo pessoal

    O Trabalho remoto gerou redução de custos uma experiência que empresas jornalísticas em todo o país observarão, e que pode mudar o modelo de negócios. É desafiador ter que equilibrar a rotina, com suas tarefas do lar, com as reuniões recorrentes por chamada de vídeo. Um repórter que cobre as ruas realiza um menor número de reportagens do que se fizesse as apurações de dentro das redações. Se pararmos para pensar, o contato com a fonte pode ser feito pelo celular, por e-mail, sem precisar se deslocar para algum lugar.   

     Sobre o retorno das atividades em que é fundamental a presença do contato com seus colegas, o jornalista lembra que é difícil lidar com o trabalho sozinho, sempre atrás das telas de computadores. "Somo seres sociais. Com esse modo de trabalhar, alguns colegas adoram o trabalho remoto, enquanto outros têm certas dificuldades, portanto é um desafio. Podemos dar mais apoio aos que sentem dificuldade, conversando, mandando mensagens, ouvindo, ligando, para reforçar que estão todos juntos. É importante promover reuniões e interações, mesmo que sejam por chamadas de vídeos. Devemos demonstrar apoio também aos freelancers, que nesse período passam por dificuldades por não terem acesso aos benefícios e estruturas oferecidas aos funcionários”, pontuou. 

     As empresas podem auxiliar oferecendo suporte, computadores, tablet, câmera, microfone, são equipamentos necessários para exercer as funções profissionais. Além dos equipamentos é importante oferecer softwares e aplicativos que suportem suas atividades.    

     Planejamento e organização com os prazos a serem cumpridos também são cuidados que auxiliam os profissionais da área. Cada colaborador vai enfrentar crises de diferentes maneiras de acordo com seu contexto social, familiar e estilo de vida, então um pode não ter uma internet boa, pode acontecer de acabar a energia do bairro, problemas com ruídos ou problemas de se concentrar, por esses motivos devemos ter empatia e compreensão para as novas sem a presença física nas empresas. Diante dos relatos dos jornalistas, fica claro que é necessário criar situações para ajudar a estabelecer limites no tempo de trabalho e a organizar a produção. Por outro lado, ainda permanece como desafio o investimento em uma educação digital, para que o uso da tecnologia seja ético e as informações veiculadas sejam absorvidas de modo crítico. O acesso às comunicações, ao conhecimento, assim como as lutas por direitos e mesmo o desenvolvimento de serviços e negócios, são questões que deverão ser enfrentadas no período pós-pandemia.

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